Musicoterapia na Gravidez
O processo musicoterapêutico engloba uma entrevista inicial com o cliente a fim de obtermos informações sobre suas condições clínicas e suas vivências musicais (gostos, rejeição etc.). É de extrema importância termos o conhecimento de quais sentimentos serão provocados pelas diversas sonoridades a fim de protegermos o feto que recebe todas vibrações e alterações corpóreas de sua mãe, que modifica segundo a emoção vivenciada.
No pós natal trabalhamos o vínculo colocando a mãe para tocar com o bebê, segurando o instrumento na mão do bebê e tocando em conjunto.
No trabalho musicoterápico usamos os sons corporais (corpo e voz), os instrumentos musicais e as músicas gravadas (fitas, CDs). Não enfocamos o trabalho musicoterapêutico somente em uma música prazerosa, mas trabalhamos com o mundo sonoro que envolve o binômio mãe-bebê.
Muitas vezes trabalhamos a comunicação verbal desta mãe com seu bebê aumentado o vínculo afetivo. Outra técnica é elaborarmos junto com a mãe uma música para o bebê com uma letra simples mas significativa para essa mãe. Podemos fazer isso também com o casal.
Trabalhamos por meio da música o relaxamento da mulher grávida por meio da respiração, o que ajuda na oxigenação do sangue, beneficiando o bebê e tranqüilizando a mãe para que possa vivenciar melhor a gestação. Qualquer alteração do sistema sangüíneo é percebida pelo feto como algo estressante e o deixa alarmado.
Quando uma mãe com problemas de audição (hipoacusia) quer comunicar-se com seu bebê que vai nascer, utilizamos instrumentos musicais que transmitam maior vibração, ou selecionamos músicas com versões nas quais os instrumentos soam em freqüências mais graves.
O Resultado do Trabalho Musicoterapêutico
Gabriel Federico (2004) coloca em sua pesquisa que os bebês estimulados prenatalmente com música sugam ao ritmo da música, tendo uma amamentação mais completa e desfrutando plenamente do ato: sugando por mais tempo e obtendo uma melhor digestão favorecida pelo ritmo e pela vibração da música.
Mc Dowell fez um estudo no qual concluiu que o trabalho musical no momento do parto pode auxiliar, pois o aumento do volume da música no princípio das contrações diminui e acalma a dor, o que foi medido pelas respostas galvânicas da pele, diminuição do ritmo cardíaco, do pulso, da pressão sangüínea e do tonus muscular.
Anzieu (1989) afirma que o espaço sonoro é o primeiro espaço psíquico do ser humano. Deste modo, a voz da mãe (falas, cantigas, etc.) e o ambiente sonoro que é proporcionado ao bebê (músicas, som ambiente, etc.), possibilitam um espelho sonoro e, conseqüentemente, que o bebê seja estimulado e emita respostas em eco.
Delabary (2001) coloca em sua dissertação de mestrado que experiências realizadas na França demonstraram que o uso da música na gestação e no trabalho de parto possibilita uma relação mais positiva da gestante com sua imagem corporal, uma melhor aceitação e vivência da gestação, um contato mais intenso com o feto e um parto um pouco mais tranqüilo.
Conforme vimos até o momento, o trabalho musicoterapêutico proporciona importante ressonância no período gestacional auxiliando no vínculo, no desenvolvimento do feto e no equilíbrio do binômio mãe-bebê. A musicoterapia influência, portanto, na formação desse novo ser.
BIBLIOGRAFIA
- DELABARY, Ana Maria Loureiro de Souza. Musicoterapia com gestantes: Espaço para a construção e ampliação do ser. Porto Alegre, Dissertação de Mestrado, PUCRS, Faculdade de educação, 2001.
- FEDERICO, Gabriel. El Embarazo Musical – estimulación , comunicación y vínculo prenatal através de la música. Buenos Aires, Editorial Kier S.A., 2004 (2° edição).
- WILHEIM, Joanna. O que é Psicologia Pré-Natal. São Paulo, Coleção Primeiros Passos, editora Brasiliense, 1992.
- LECOURT, Edith. L’ Expérience Musicale Résonances Psychanalytiques. Paris, Éditions L’Harmattan, 1994.
- BENENZON, Rolando. Teoria da musicotérapia. São Paulo, Summus editorial, 1988.
- CISMARESCO, A.-S. “O grito néonatal e suas funções” in BUSNEL M.-C., A linguagem dos bebês- Sabemos escuta-los?. São Paulo, Escuta, 1977.
- LECOURT, Edith. “L’enveloppe musicale” in ANZIEU D., Les enveloppes psychiques. Paris, Dunod, 1987.
- LECOURT, Edith. La musicothérapie, Paris, P.U.F., 1988.
- REANT, J.-N. “La valeur émotionnelle du cri”, La Revue de Musicothérapie, vol 7, n° 5, 1987.