BIOSSÍNTESE

15 agosto, 2024

A Biossíntese significa integração da vida e visa construir um elo entre a existência corporal, a psicológica e a espiritual (Boadella, 1992) e reconhece que cada pessoa possui um amplo espectro potencial de desenvolvimento. Ela vê a vida como um processo de desenvolvimento, seus métodos são orientados a partir dos princípios do desenvolvimento orgânico trabalhando com movimentos que conforme Boadella vem a partir do fluxo da alma e possibilitam uma conexão com a espiritualidade. Trabalha com movimentos como as formas de onda da respiração rítmica.

A Biossíntese trabalha com o centering (centrar), o grounding (firmar) e o facing (encarar) que são métodos terapêuticos primários que estão ligados aos sistemas orgânicos que derivam das camadas celulares primárias na organização embriológica do feto (Boadella, 1992).

Esses métodos terapêuticos primários estão relacionados as camadas celulares na organização embriológica do feto (endoderma, mesoderma e ectoderma). O centering está relacionado ao endoderma, o grounding ao mesoderma e o facing ao ectoderma. A Biossíntese visa restaurar a integração dessas 3 camadas o que é importante para que não sejam feitos movimentos sem sentido.

a) Centering - Endoderma

O endoderma está relacionado ao desejo, é a camada interna do corpo e do feto e produz os tecidos que metabolizam a energia: os órgãos internos do tronco, os órgãos abdominais (digestivos) e os tecidos dos pulmões.

O centering (“quem sou eu”) baseia-se no restabelecimento do ritmo do fluxo na energia metabólica e do equilíbrio entre as duas metades do sistema nervoso vegetativo auxiliando no estabelecimento do equilíbrio emocional e de uma respiração harmoniosa.

b) Grounding - Mesoderma

Os tecidos do mesoderma são os últimos a se formarem, essa camada se transforma no sistema muscular, no esqueleto ósseo, vasos sanguíneos e coração e está relacionada à estrutura, ao ritmo, postura e tônus muscular. É um sistema de movimento e ação. A segunda camada germinativa é formada a partir do mesoderma.

Para Boadella o grounding (“como posso chegar lá?”) é um trabalho terapêutico que se baseia na recriação de um tônus muscular mais apropriado e não é apenas postural, mas está relacionado às estratégias de vida que desenvolvo para alcançar meus objetivos.

Na Biossíntese olhamos para o grounding vertical e horizontal. Está relacionado à possibilidade de vínculo, de contato com o outro; refere-se ao que acontece quando a energia flui na direção da superfície do corpo e à qualidade de contato encontrada.

 

c)  Facing, Sounding - Ectoderma

O ectoderma é a terceira camada germinativa, a mais externa, forma a pele, os órgãos sensoriais e os tecidos do sistema nervoso.

Os principais órgãos ectodérmicos com exceção da pele estão concentrados na cabeça: olhos, ouvidos, nariz, língua, cérebro.

O facing e o sounding estão relacionados à compreensão, ao contato visual e vocal e à integração entre sentimento, linguagem e percepção.

d) Diagrama dos Campos da Vida

A Biossíntese utiliza o diagrama dos campos da vida que é um modo didático de pensarmos nas diversas áreas do indivíduo visando uma aproximação de sua essência.

O diagrama é formado de camadas circulares, sendo a mais externa relacionada às nossas experiências mais externas que contem nossas mascaras e mecanismos de defesa. A camada mais interna está relacionada às nossas qualidades mais verdadeiras, mais próximas de nossa essência. A camada mais interna é nossa essência.

A parte inferior de cor avermelhada está relacionada ao corpo, a parte intermediária que é verde está relacionada à personalidade e a azulada à nossa experiência simbólica. Podemos ainda relacionar a parte superior ao ectoderma, a intermediária ao endoderma e a da base ao mesoderma.

 

ee)    Campos Motores

A canção da vida começa no útero. Os campos motores partiram da observação dos movimentos fetais que tem uma tendência a repetição. Eles têm como objetivo a pulsação e o reestabelecimento do fluxo. São compostos de 8 que são o de flexão, de extensão, tração, oposição, rotação, canalização, ativação, absorção.

 

Para auxiliarmos nosso cliente a construir uma nova imagem corporal quando necessário, no trabalho com os campos motores é importante avaliarmos a necessidade de nosso cliente e considerarmos a leitura movimento e não a observação da musculatura em si.

O trabalho com os campos motores conecta o movimento à respiração e ao sentimento trabalhando com a alma do músculo.

 “Somente dissolvendo os bloqueios que impedem o livre fluxo dos movimentos é que podemos restaurar nas pessoas a capacidade de se relacionarem com seu ambiente de uma maneira racional e saudável.” (Correntes da vida, p.17)

 

 

O Trabalho Musicoterapêutico

15 agosto, 2024





A musicoterapia é uma modalidade terapêutica que através da música trabalha as diversas problemáticas do indivíduo com o objetivo de lhe proporcionar uma melhor qualidade de vida e de integração social. Essas problemáticas podem ser de origem intelectual, física, emocional ou social que segundo Ruth Bright podem ser trabalhadas pela musicoterapia na medida em que a mesma trabalha as emoções que estão relacionadas à globalidade das problemáticas, pois cada problemática tem a sua expressão emocional.
     Para a realização de um trabalho musicoterapêutico é de extrema importância que seja estabelecido um bom vínculo entre o terapeuta e seu paciente (neste caso o praticante) e o objeto sonoro para que o trabalho realmente flua e possa alcançar o seu objetivo.
     Não devemos esquecer que cada indivíduo tem a sua própria identidade sonora tendo cada um a sua individualidade musical, as sua historias musicais são diferentes e por isso não podemos esquecer de que as suas respostas vão diferir com o mesmo estímulo sonoro. Cada praticante vai dar uma resposta ao estímulo visual, tátil ou sonoro e por isso devemos ter um conhecimento prévio da história musical do sujeito para compreendermos melhor sua resposta aos estímulos sonoros usados e também para podermos usá-los sem provocar uma desestabilização deste indivíduo.
     No caso de pacientes portadores de deficiência o cuidado deve ser ainda maior, pois se um sujeito com características autísticas se desestruturar com o sonoro ele pode se machucar como também no caso dos portadores de deficiência motora que através do vínculo sonoro podem esquecer-se de que precisam conter a sua musculatura para conseguir se manter no cavalo. Para isto é muito importante conhecer a resposta deste indivíduo deficiente, pois a maioria dos indivíduos sindrômicos tem uma maior sensibilidade ao sonoro como é o caso do portador de autismo ou de características autísticas.
 

Musicoterapia na Gravidez

15 agosto, 2024
O processo musicoterapêutico engloba uma entrevista inicial com o cliente a fim de obtermos informações sobre suas condições clínicas e suas vivências musicais (gostos, rejeição etc.). É de extrema importância termos o conhecimento de quais sentimentos serão provocados pelas diversas sonoridades a fim de protegermos o feto que recebe todas vibrações e alterações corpóreas de sua mãe, que modifica segundo a emoção vivenciada.
No pós natal trabalhamos o vínculo colocando a mãe para tocar com o bebê, segurando o instrumento na mão do bebê e tocando em conjunto.
No trabalho musicoterápico usamos os sons corporais (corpo e voz),  os instrumentos musicais e as músicas gravadas (fitas, CDs). Não enfocamos o trabalho musicoterapêutico somente em uma música prazerosa, mas trabalhamos com o mundo sonoro que envolve o binômio mãe-bebê.
Muitas vezes trabalhamos a comunicação verbal desta mãe com seu bebê aumentado o vínculo afetivo. Outra técnica é elaborarmos junto com a mãe uma música para o bebê com uma letra simples mas significativa para essa mãe. Podemos fazer isso também com o casal.
Trabalhamos por meio da música o relaxamento da mulher grávida por meio da respiração, o que ajuda na oxigenação do sangue, beneficiando o bebê e tranqüilizando a mãe para que possa vivenciar melhor a gestação. Qualquer alteração do sistema sangüíneo é percebida pelo feto como algo estressante e o deixa alarmado.
Quando uma mãe com problemas de audição (hipoacusia) quer comunicar-se com seu bebê que vai nascer, utilizamos instrumentos musicais que transmitam maior vibração, ou selecionamos músicas com versões nas quais os instrumentos soam em freqüências mais graves.

O Resultado do Trabalho Musicoterapêutico


Gabriel Federico (2004) coloca em sua pesquisa que os bebês estimulados prenatalmente com música sugam ao ritmo da música, tendo uma amamentação mais completa e desfrutando plenamente do ato: sugando por mais tempo e obtendo uma melhor digestão favorecida pelo ritmo e pela vibração da música.
           Mc Dowell fez um estudo no qual concluiu que o trabalho musical no momento do parto pode auxiliar, pois o aumento do volume da música no princípio das contrações diminui e acalma a dor, o que foi medido pelas respostas galvânicas da pele, diminuição do ritmo cardíaco, do pulso, da pressão sangüínea e do tonus muscular.
Anzieu (1989) afirma que o espaço sonoro é o primeiro espaço psíquico do ser humano. Deste modo, a voz da mãe (falas, cantigas, etc.) e o ambiente sonoro que é proporcionado ao bebê (músicas, som ambiente, etc.), possibilitam um espelho sonoro e, conseqüentemente, que o bebê seja estimulado e emita respostas em eco.
Delabary (2001) coloca em sua dissertação de mestrado que experiências realizadas na França demonstraram que o uso da música na gestação e no trabalho de parto possibilita uma relação mais positiva da gestante com sua imagem corporal, uma melhor aceitação e vivência da gestação, um contato mais intenso com o feto e um parto um pouco mais tranqüilo.
Conforme vimos até o momento, o trabalho musicoterapêutico proporciona importante ressonância no período gestacional auxiliando no vínculo, no desenvolvimento do feto e no equilíbrio do binômio mãe-bebê. A musicoterapia influência, portanto, na formação desse novo ser.

BIBLIOGRAFIA


- DELABARY, Ana Maria Loureiro de Souza. Musicoterapia com gestantes: Espaço para a construção e ampliação do ser. Porto Alegre, Dissertação de Mestrado, PUCRS, Faculdade de educação, 2001.
- FEDERICO, Gabriel. El Embarazo Musical – estimulación , comunicación y vínculo prenatal através de la música. Buenos Aires, Editorial Kier S.A., 2004 (2° edição).
- WILHEIM, Joanna. O que é Psicologia Pré-Natal. São Paulo, Coleção Primeiros Passos, editora Brasiliense, 1992.
- LECOURT, Edith. L’ Expérience Musicale Résonances PsychanalytiquesParis, Éditions L’Harmattan, 1994.
- BENENZON, Rolando. Teoria da musicotérapia. São Paulo, Summus editorial, 1988.
- CISMARESCO, A.-S“O grito néonatal e suas funções” in BUSNEL M.-C., A linguagem dos bebês- Sabemos escuta-los?. São Paulo, Escuta, 1977.
- LECOURT, Edith. “L’enveloppe musicale” in ANZIEU D., Les enveloppes psychiques. Paris, Dunod, 1987.
- LECOURT, Edith. La musicothérapie, Paris, P.U.F., 1988.
- REANT, J.-N. “La valeur émotionnelle du cri”, La Revue de Musicothérapie, vol 7, n° 5, 1987.